O consumo de alimentos ultraprocessados cresce no Brasil, substituindo frutas, legumes e pratos tradicionais, como arroz com feijão. Produtos industrializados, prontos e embalados, vêm se tornando parte significativa da dieta diária, gerando preocupação entre profissionais de saúde devido ao pobre valor nutricional e altos níveis de açúcar, sal e gordura.
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, os ultraprocessados já representam quase 20% das calorias consumidas no país, com maior incidência entre jovens e moradores de grandes centros urbanos. Biscoitos, embutidos, refrigerantes e macarrões instantâneos contêm aditivos químicos, corantes e aromatizantes e passam por diversas etapas industriais.
A professora Maria Tainara Soares Carneiro, da Estácio, observa que o ato de cozinhar e escolher alimentos frescos vem sendo substituído pela praticidade da indústria de alimentos, fenômeno ligado a tempo, renda e oferta.
“Muitas famílias passam o dia fora e acabam recorrendo ao que é mais rápido e acessível”, afirma.
Fatores que explicam a mudança
A urbanização, longas jornadas de trabalho e o marketing agressivo da indústria alimentícia contribuem para o aumento do consumo de ultraprocessados. “A publicidade transforma o consumo em símbolo de praticidade e status, mas esses produtos são pobres em nutrientes e ricos em gordura, sal e açúcar”, diz Maria Tainara.
Pesquisadores da USP e da Fiocruz estimam que o consumo elevado de ultraprocessados esteja associado a mais de 57 mil mortes prematuras por ano no Brasil, aumentando o risco de obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Estudos recentes também indicam relação entre consumo desses produtos e piora cognitiva, ansiedade e baixa saciedade, especialmente em adolescentes, mostrando que a alimentação influencia humor, disposição e capacidade de aprendizado.
Estratégias de prevenção e mudanças de hábito
Maria Tainara destaca que pequenas mudanças podem reaproximar as pessoas dos alimentos naturais. Substituir refrigerantes por água, levar frutas ao trabalho e preparar lanches caseiros são passos iniciais.
O planejamento das refeições e a compra de alimentos in natura, aproveitando promoções de feiras e supermercados, ajudam a reduzir o consumo de ultraprocessados. Ler rótulos atentamente é essencial, já que nomes químicos e ingredientes desconhecidos indicam alta industrialização.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) reduziu em 2025 a presença de ultraprocessados na alimentação escolar para 15%, priorizando produtos da agricultura familiar, promovendo hábitos saudáveis desde a infância.
Educação alimentar e responsabilidade social
Segundo a professora, é fundamental fortalecer educação alimentar e políticas públicas, resgatando o valor cultural e afetivo dos alimentos.
“Ensinar a cozinhar, planejar e reconhecer o que se come garante autonomia alimentar”, afirma, alinhando-se às diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira.
A responsabilidade sobre a prevalência de ultraprocessados é compartilhada entre poder público, indústria e consumidores, já que o ambiente alimentar favorece a visibilidade e a conveniência desses produtos. Reconectar o brasileiro aos alimentos naturais é considerado essencial para preservar saúde e identidade alimentar.
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