Audiência pública na Câmara Municipal de Salvador debate políticas públicas para pessoas com microcefalia

Audiência pública na Câmara Municipal de Salvador debate políticas públicas para pessoas com microcefalia.
Sessão propôs encaminhamentos e destacou desafios enfrentados por mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus. (Foto: Reginaldo Ipê).

A Câmara Municipal de Salvador realizou na quinta-feira (10/04/2025) uma audiência pública em alusão aos dez anos do surto do vírus Zika no Brasil, com foco nos impactos da Síndrome Congênita do Zika Vírus, especialmente a microcefalia, e na formulação de políticas públicas voltadas a pacientes e suas famílias. A sessão ocorreu no Centro de Cultura da Câmara e foi proposta pelo vereador Orlando Palhinha (União Brasil), com apoio da Comissão de Saúde, Planejamento Familiar e Assistência Social.

Audiência debate desafios e propõe ações concretas

O debate reuniu autoridades públicas, profissionais da saúde, entidades da sociedade civil e familiares de crianças com microcefalia, evidenciando a demanda por políticas estruturadas e assistência contínua. A sessão antecede o Dia Municipal de Atenção às Pessoas com Microcefalia, celebrado em 14 de abril, conforme a Lei Municipal nº 9.047/2016, de autoria do vereador Palhinha.

Dentre os encaminhamentos anunciados durante a audiência, destacam-se:

Solicitação ao Governo do Estado da prorrogação do comodato da sede da ONG Abraço a Microcefalia;
Pedido ao Corpo de Bombeiros para liberação provisória do alvará de funcionamento da entidade;
Proposição de projeto para reconhecimento da ONG como de utilidade pública;
Proposta de convênio com a Secretaria Municipal de Promoção Social (Sempre) para capacitação profissional de mães atípicas;
Sugestão de criação de multicentros e reativação de ambulatórios especializados no atendimento a crianças com deficiência.

Entidades e familiares relatam realidade das crianças com microcefalia

Durante o evento, Raniele Nascimento, presidente da ONG Abraço a Microcefalia, apresentou dados que evidenciam o cenário atual: estima-se que mais de 7 mil crianças tenham nascido com a síndrome desde o surto, das quais 4.500 já faleceram. Atualmente, 1.580 crianças estão vivas e necessitam de assistência permanente.

Mães de crianças com a síndrome deram depoimentos relatando a rotina de cuidados intensivos. Mara Rúbia Oliveira, mãe de um menino de nove anos, destacou que os desafios incluem disfagia, crises neurológicas, desnutrição e dificuldades motoras, o que demanda cuidado contínuo com locomoção, alimentação e comunicação. Segundo ela, “não há pausa, não há descanso”.

Parlamentares pedem derrubada de veto ao PL 6.064/2023

O debate também abordou o veto presidencial ao Projeto de Lei nº 6.064/2023, que propõe indenização por danos morais e pensão vitalícia a pessoas com deficiência permanente causada pelo Zika Vírus ou pela Síndrome de Guillain-Barré. A deputada federal Rogéria Santos solicitou apoio da bancada baiana para a derrubada do veto, considerando a medida provisória aprovada em janeiro de 2025, que prevê pagamento único de R$ 60 mil a crianças com até 10 anos diagnosticadas com as síndromes.

A servidora da saúde Ana Paula Prates, representando o deputado federal Leo Prates, reafirmou o compromisso do parlamentar com a causa, lembrando sua atuação desde o início da epidemia. Ana Paula reforçou que o deputado permanece engajado na defesa das famílias afetadas pelo Zika e atuará pela reversão do veto ao projeto.

O vereador Orlando Palhinha encerrou a audiência enfatizando a necessidade de descentralização dos serviços e fortalecimento da rede de atenção às crianças e famílias atingidas. “O sofrimento dessas mães não pode continuar sendo invisível”, concluiu.

*Com informações da Câmara Municipal de Salvador.


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