O Ilê Aiyê anunciou neste sábado (18/10/2025) o tema “Turbantes e Cocares: a história de resistência do povo afro e indígena de Maricá” para o Carnaval (2026). A escolha reforça o compromisso do bloco em valorizar a ancestralidade afro-brasileira e celebrar as conexões culturais entre Bahia e Rio de Janeiro, destacando o legado dos povos africanos e indígenas na formação da identidade nacional.
Segundo o presidente Antônio Carlos Vovô, o novo tema dá continuidade à proposta pedagógica e social do Ilê, que busca transformar o Carnaval em instrumento de consciência histórica e afirmação identitária. O enredo também reafirma a parceria com a cidade de Maricá (RJ), que há três anos desenvolve o projeto “Ilê in Maricá”, responsável por promover oficinas e cursos gratuitos de cultura afro-brasileira em comunidades locais.
Parceria cultural e formação cidadã
O projeto “Ilê in Maricá” oferece oficinas de dança, percussão, estética afro e técnicas de tranças e turbantes, fortalecendo o vínculo entre o Ilê Aiyê e as comunidades do Rio de Janeiro. Em (2026), essa parceria será ampliada com a recém-inaugurada Universidade Livre do Carnaval (Unicarnaval), localizada em Maricá, que funcionará como espaço permanente de formação artística e cidadã.
De acordo com Vovô, a proposta do novo enredo é estimular o reconhecimento da herança afro-indígena da cidade.
“Escolhemos esse tema porque ele ajuda a fortalecer a autoestima de um território fortemente negro e indígena, que nem sempre reconhece sua riqueza cultural. Queremos que essas comunidades se vejam refletidas no desfile e compreendam seu papel na construção da história brasileira”, afirmou.
Homenagem à resistência afro-indígena
O Ilê Aiyê levará para a avenida a simbologia e a diversidade cultural de Maricá, retratando seus quilombos históricos, como os de Bacaxá, São Bartolomeu, Lagoinha, Ingá e Itaocaia, e reverenciando personalidades locais que preservam a memória afro-indígena. O desfile vai ressaltar os elementos que compõem a identidade visual e espiritual desses povos, incluindo turbantes, cocares e expressões artísticas que representam resistência e continuidade.
A cidade de Maricá mantém viva a presença de comunidades indígenas Guarani Mbya e grupos tradicionais, como os pescadores de Zacarias, que perpetuam saberes ancestrais. Essa convivência entre passado e presente inspira o Ilê Aiyê a reafirmar a ligação espiritual entre Rio de Janeiro e Bahia, reconhecendo os dois territórios como pilares da herança afro-indígena brasileira.
Do Quênia a Maricá: o Carnaval como sala de aula
Em (2025), o bloco apresentou o tema “Kenya: Berço da Humanidade”, que destacou o continente africano. Já em (2026), a homenagem se volta para um território brasileiro, reforçando a importância de celebrar o Brasil negro.
“Queremos mostrar não só a África, mas também as nações afrodescendentes do Brasil — como Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul — porque todas carregam essa herança viva”, explicou Vovô.
Com 50 anos de trajetória, o Ilê Aiyê, fundado em (1974) no Curuzu, mantém seu papel como o primeiro bloco afro do Brasil, transformando o Carnaval em instrumento político, educativo e cultural. Para o presidente, cada desfile é uma oportunidade de ensinar e reafirmar a dignidade do povo preto.
Lançamento oficial no Pelourinho
O lançamento do tema ocorreu no Largo Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, com apresentações da Band’Aiyê, do grupo Orisun e da Escola de Samba União de Maricá. O evento teve produção da Caderno 2 Produções, realização da Associação Cultural Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê e do Governo Federal, além de patrocínio da Neoenergia e do Grupo Belov, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Discover more from News Veritas Brasil (NV)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.
