Na segunda-feira (01/09/2025), um estudo publicado na revista Nature revelou que a exposição prolongada a ondas de calor intensas pode acelerar o envelhecimento biológico humano, com efeitos comparáveis ao tabagismo, consumo excessivo de álcool e sedentarismo. A pesquisa acompanhou 24.922 adultos em Taiwan durante 15 anos, mostrando que dois anos de calor extremo podem adicionar de oito a 12 dias extras ao envelhecimento biológico de uma pessoa, com efeitos cumulativos significativos à saúde pública.
O que é envelhecimento biológico
Diferente da idade cronológica, a idade biológica reflete o estado real do organismo e é medida por biomarcadores como pressão arterial, função hepática, capacidade pulmonar e inflamação. No estudo, os pesquisadores usaram 12 biomarcadores para calcular a idade biológica e cruzaram os dados com frequência e intensidade das ondas de calor, concluindo que maior exposição resulta em aceleração do envelhecimento.
Grupos mais afetados pelo calor
Trabalhadores manuais, residentes de áreas sem ar-condicionado, idosos e crianças apresentaram os maiores impactos. Em alguns casos, o envelhecimento biológico aumentou até 33 dias em dois anos. A exposição prolongada compromete sistema imunológico, aumenta risco de doenças crônicas e pode antecipar óbitos, evidenciando desigualdade na vulnerabilidade aos efeitos do calor extremo.
Calor extremo como risco global
O estudo se soma a pesquisas que apontam o calor como fator de risco emergente em saúde pública. Em 2024, foram registrados 41 dias extras de calor extremo globalmente, segundo a World Weather Attribution. Pesquisas anteriores indicam que viver em regiões com temperaturas médias acima de 32 °C por mais de 140 dias ao ano pode acelerar o envelhecimento em até 14 meses, especialmente quando combinados fatores como tabagismo e hábitos de vida.
Impactos do calor na saúde mental
Ondas de calor também afetam saúde mental, com aumento de atendimentos de emergência psiquiátrica. Hospitais na França e nos Estados Unidos registram alta de 8% nas emergências quando a temperatura sobe 5% acima do habitual. Indivíduos com transtornos psicológicos, como bipolaridade, são mais suscetíveis a descompensações durante picos de temperatura, consumindo recursos de adaptação física e mental, conforme estudos publicados no International Journal of Environmental Research and Public Health.
Soluções e desafios
Especialistas defendem intervenções urgentes em saúde pública, incluindo zonas de resfriamento urbano, políticas de proteção para trabalhadores, vegetalização das cidades e campanhas de conscientização sobre calor extremo. No entanto, alertam que o uso indiscriminado de ar-condicionado pode agravar o aquecimento global, exigindo soluções sustentáveis e equitativas, segundo a epidemiologista Kristie Ebi, da Universidade de Washington.
*Com informações da RFI.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from News Veritas Brasil (NV)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




