Relatório da ONU alerta para crise global de fertilidade e impactos socioeconômicos

Relatório anual do Unfpa aponta fatores financeiros, desigualdade de gênero e insegurança como causas principais do declínio nas taxas de natalidade.
Relatório anual do Unfpa aponta fatores financeiros, desigualdade de gênero e insegurança como causas principais do declínio nas taxas de natalidade.

O Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) divulgou seu relatório anual sobre o Estado da População Mundial, alertando para uma crise global de fertilidade motivada por pressões econômicas, desigualdade de gênero e insegurança em múltiplos níveis. O documento, intitulado “A verdadeira crise da fertilidade: A busca pela autonomia reprodutiva em um mundo em transformação”, apresenta dados coletados em 14 países que representam 37% da população global, incluindo o Brasil, único país lusófono na amostra.

A pesquisa mostra que 39% dos adultos entrevistados afirmaram que restrições financeiras são a principal barreira para ter a quantidade de filhos desejada. Outros fatores citados incluem mudanças climáticas, conflitos armados, insegurança e condições de trabalho instáveis.

Impactos no Brasil

No Brasil, 1.053 adultos foram entrevistados. Os dados revelam que adultos com acesso ao crédito habitacional têm quase um terço a mais de probabilidade de aumentar o número de filhos em comparação com aqueles sem esse recurso. O relatório indica que o acesso à moradia e à estabilidade financeira é um fator relevante para decisões reprodutivas.

Além disso, 33% das mulheres brasileiras relataram não se sentirem capazes de recusar relações sexuais, percentual superior à média global. Entre os homens brasileiros, o índice foi de 23%. O relatório enfatiza que a coerção sexual é uma realidade comum e precisa ser combatida com políticas públicas que garantam autonomia corporal e direitos reprodutivos.

Divisão de tarefas e desigualdade

A desigualdade na divisão do trabalho doméstico também foi citada como um fator para o adiamento ou recusa da parentalidade. 13% das mulheres e 8% dos homens afirmaram que a sobrecarga no ambiente doméstico influencia a decisão de não ter filhos. A pesquisa ainda mostra que 25% dos entrevistados não se sentem aptos a exercer a parentalidade e 20% declararam ter sido pressionados a assumir esse papel.

O Unfpa desaconselha medidas coercitivas ou simplistas para enfrentar o declínio da fertilidade, como metas de natalidade ou incentivos monetários isolados, que podem ser ineficazes ou violar direitos humanos.

Propostas de políticas públicas

Para enfrentar o problema, o Unfpa recomenda investimentos em moradia, trabalho decente, licenças parentais remuneradas e serviços de saúde reprodutiva. Além disso, aponta a migração como uma alternativa viável para recompor a força de trabalho e sustentar a produtividade em países com taxas de natalidade em queda.

O relatório também aborda questões geracionais relacionadas à desigualdade de gênero, pedindo a eliminação de normas culturais e trabalhistas que afastam mulheres do mercado de trabalho e desencorajam homens a participarem da vida familiar.

Longevidade e desafios futuros

O documento faz menção à freira brasileira Inah Canabarro Lucas, falecida aos 116 anos, destacando que embora poucos alcancem tal longevidade, as gerações atuais vivem, em média, 25% mais do que as anteriores. Essa realidade reforça a necessidade de políticas que acompanhem transformações demográficas, econômicas e sociais.

*Com informações da ONU News.


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