Brasil registra aumento no número de cirurgias bariátricas por planos de saúde e queda pelo SUS

Planos de Saúde Avançam Enquanto SUS Retrocede.
Dados recentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) revelam um cenário de disparidades no acesso a cirurgias bariátricas no Brasil. Enquanto o número de procedimentos realizados por planos de saúde cresce significativamente, o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta uma queda preocupante na oferta desses tratamentos. (Foto: André Kazé).

O Brasil enfrenta uma realidade preocupante no que diz respeito ao tratamento cirúrgico da obesidade. Dados compilados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) revelam um aumento expressivo no número de cirurgias bariátricas realizadas por meio de planos de saúde, enquanto o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) experimenta uma queda substancial.

De acordo com as estatísticas divulgadas pela SBCBM, o ano de 2022 registrou um total de 74.738 cirurgias bariátricas em todo o país. Desse número, 65.256 procedimentos foram realizados através de planos de saúde, um crescimento notável de 22,9% em comparação com o ano de 2019, que antecedeu a pandemia e contou com 53.087 cirurgias.

Contrastando essa tendência, os números disponibilizados pelo SUS são alarmantes. Em 2022, apenas 5.923 cirurgias bariátricas foram realizadas pelo sistema de saúde público, representando uma queda significativa de 54,8% em relação a 2019, quando 12.568 pacientes foram atendidos.

O presidente da SBCBM, Antônio Carlos Valezi, destacou a disparidade nos números: “Se fizermos uma comparação da realização de cirurgias pelo SUS e o número de pacientes com indicação de cirurgia bariátrica, o número de procedimentos equivale a 1,5% da população elegível”. Valezi alertou para o fato de que estados como Rondônia e Roraima não possuem serviços de cirurgia bariátrica credenciados pelo SUS.

O aumento preocupante da obesidade é uma realidade que não pode ser negligenciada. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar (Sisvan) do Ministério da Saúde apontam que 31,8% da população brasileira sofre de obesidade, enquanto o sobrepeso afeta 34,6%. Essa epidemia de obesidade traz consigo uma série de comorbidades que afetam a qualidade de vida da população e sobrecarregam o sistema de saúde.

Em análises mais amplas, o crescimento dos índices de obesidade é preocupante. Entre 2010 e 2022, os índices de obesidade aumentaram em 15,4 pontos percentuais, saindo de 16,48% para 31,88% da população, de acordo com o Sisvan.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica defende maior transparência no sistema de atendimento pelo SUS e propõe revisões nas portarias que regulamentam a cirurgia bariátrica no sistema público de saúde. Entre as mudanças sugeridas estão atualizações nos critérios e contraindicações do tratamento cirúrgico, além de uma atualização da tabela SUS que está congelada desde 2013.

A preocupação em relação à obesidade no Brasil é confirmada pelo Atlas Mundial da Obesidade, produzido pela World Obesity Federation (WOF), que projeta que a obesidade atingirá 41% da população brasileira até 2035, impactando a economia do país em cerca de 19,2 milhões de dólares, equivalente a aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Nesse cenário desafiador, a revisão da portaria e a busca por soluções para expandir o acesso a procedimentos cirúrgicos bariátricos pelo SUS se tornam essenciais para enfrentar essa epidemia de obesidade e garantir um tratamento adequado para os pacientes que necessitam desse tipo de intervenção médica.


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